Outro clichê fundamental, ainda que subestimada de modo proporcional à sua importância, me vem à mente agora: as coisas mais simples não necessariamente são as mais fúteis ou simplórias, assim como também posso afirmar que nem sempre as coisas mais sofisticadas são as mais corretas ou ideais. É tudo uma questão de perspectiva pessoal, valendo-se das intenções e vontades que cada um possui sobre tais coisas.
O Valor das Coisas Simples
Um amigo meu costuma me dizer que mesmo um picolé na praça é válido, algo simples que pode ter um grande significado.
O mesmo eu digo sobre me deitar no escuro e, de olhos bem fechados, escutar uma música relaxante ou que dialogue diretamente comigo, com os meus anseios e sentimentos.
Assim como me reunir com amigos para um bom papo descontraído pode levar-me a ter uma epifania repentina ou ao simples amaciamento de meus sentidos, uma renovação de minhas energias. Nada mais simples e prazeroso que boas histórias e gargalhadas compartilhadas!
Não que seja de todo errado exigir um pouco mais de tudo (ou de quase tudo) que existe sob o sol, embora certas coisas não sejam passíveis de mudança por mais que queira ou tente, pois certas coisas são essencialmente como são, mas, muitas vezes, a beleza pode ser contemplada mesmo no elemento menos relevante à primeira vista.
Sim, você também já deve ter ouvido este mesmo papo inúmeras vezes antes de eu ter aparecido aqui para repeti-lo, um blá-blá-blá de bom moço. Mas considere o tanto de vezes em que você, assim como eu, deixou de ter pequenas e boas experiências enquanto aguardava ansiosamente por uma grande experiência que, depois de grandes expectativas, talvez não tenha sido exatamente ruim, mas não foi nada além de OK.
Você poderia ter aproveitado mais.
Eu poderia ter aproveitado mais quando os pequenos momentos aconteceram.
Às Vezes, Os Pequenos Momentos São Tudo O Que Temos
Portanto, basta dar um pouco mais de substância às coisas aparentemente mais simples, que muitas vezes não nos são entregues de presente em uma caixa bem enfeitada, mas que carregam em si um lembrete de algo importante que há muito esquecemos.
Muitas vezes, nas mais belas caixas da vida nada há além de um par de meias – com o perdão da metáfora, pois um par de meias pode ter um grande significado para aquele que sente frio nos pés.
Vê? Depende do que você necessita ou de como espera pelas coisas que acontecerão ou não. Muitas vezes – e apenas estou dizendo isto com a intenção de ser o mais honestamente realista possível –, quando você espera demais, quando exige demais, muito exageradamente, menor é a sua capacidade de se satisfazer mesmo com o que é necessário.
Exigir um pouco mais para não se subestimar é, sim, importante, mas não pode ultrapassar a sua capacidade de se importar com o que é básico. Haverá um momento em que você não se alegrará nem com as maiores coisas, pois parece ter encontrado o limite de sua capacidade de se impressionar. Mesmo a coisa mais sofisticada não terá o sabor esperado.
Este texto, eu percebo agora, pode servir muito bem de complemento ao debate sobre a ganância. E (até certo ponto) é por aí mesmo. Se não aprendermos a saborear as coisas mais simples, tampouco saberemos como apreciar o sabor das coisas mais sofisticadas. Não teremos um paladar bem apurado. Também não sentiremos as pequenas nuances prazerosas dos sabores das coisas.
Clichê dos clichês, mas a vida é uma soma de pequenas experiências, de pequenos prazeres. De grandes, também; mas não espere na inércia, deixando de viver e de desfrutar as pequenas alegrias.
Aproveite.
Vá e viva!
Sua vida espera ser vivida.
É Rufino, penso como você, o valor é dado pelo meu perceber. Fez bem, passou a ser indispensável, um sorriso ou um picolé. Prossiga!
Obrigado, amigo. Volte sempre.