Quando bate o cansaço após um dia muito longo, após longos anos de esforços aparentemente não recompensados, ainda existe um propósito maior para nossas vidas?
Olhamos para frente, para trás e para os dois lados, e não encontramos algo que indique o motivo de tudo isto. Tudo isto o quê? Da vida como ela é.
Nada na vida parece fazer muito sentido quando se olha nos pequenos detalhes dos pequenos detalhes, em cada fragmento de tudo o que um dia pareceu ter algum sentido. Qual é o nosso propósito aqui?
Mais tarde, só bem mais tarde, nós reavaliamos nossos próprios rumos. De um dia para o outro, perdemos o que pensávamos saber de nós mesmos.
E então você se pergunta: “Existe um propósito para mim?”
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O Deserto
Desde antes de você nascer, seus pais já planejaram toda a história de você: cada passo dado, tudo o que esperam de você… Tudo foi devidamente planejado.
Eles se entristecem quando sua cria foge do comando de suas vozes, que embalam e repreendem.
Eles não querem que você se perca entre as areias e ilusões do deserto.
As pessoas comparam a vida com uma longa estrada, mas penso que a metáfora do deserto cabe melhor na mensagem de hoje.
A vida é semelhante a um deserto.
Não importa em qual direção se olha, tudo o que se vê é a imensidão — se cheia ou vazia, depende de como se preenche a vida.
Pode ser um deserto plano ou repleto de dunas, de altos e baixos. E você caminha, e caminha, e caminha e… Não chega a lugar algum. E quando menos espera, você chega ao fim de todas as coisas.
Alegrias, tristezas, desafios, superações, solidão e momentos compartilhados com outros que transitam pelo deserto de sua vida, e que também possuem suas próprias imensidões ou seus próprios vazios, tudo se extingue quando se encontra a saída.
Enquanto não chega lá, você enxerga a linha do horizonte que se afasta cada vez mais, além das miragens disfarçadas de possibilidades, e possibilidades que se confundem com miragens.
No deserto também há as provações. E é neste ponto que eu gostaria de pôr o dedo na ferida.
Quantas vezes parou para refletir se haveria algum sentido no sofrimento, nas privações e provações que se colocam entre você e seus maiores objetivos?
E quantas vezes já não deve ter pensado se seus objetivos realmente são os caminhos que você quer e deve seguir?
E quantas vezes já não olhou para si mesmo e se perguntou se haveria algum propósito maior para você após as dificuldades repetitivas do deserto de sua vida?
Eu sei. Não é assim um assunto dos mais fáceis ou agradáveis, mas imagino que você ou algum conhecido seu já se perguntou sobre o sentido desta longa marcha interminável e repleta de obstáculos, repentinos ou não, que parece levar a lugar nenhum.
O Significado no Nada
E às vezes você pode pensar se não teria sido melhor nem nascer, evitando, assim, qualquer dilema desgastante que vem se repetindo há anos.
Você fica desgostoso com a própria vida.
Não nascer teria significado não existir a dor.
Você não teria conhecido as pessoas que mais ama, mas também não teria sabido a diferença entre o bom e o ruim.
Com o não nascimento não existe o conhecimento, então não existe dor. Não existe prazer e aprendizado, também.
Mas se o prazer é privado, mesmo sem querer, ele vira dor. Vira a dor do que se pode ver, mas não se pode tocar. Das possibilidades que os obstáculos no caminho nos privam de usufruir.
E daí vem o desânimo. “Para quê existo, se for para isto?”
O Significado em Tudo
Mas talvez você esteja olhando errado.
Quero dizer, não sou o dono da verdade, mas eu mesmo me faço estas perguntas quando estas questões vêm à tona, quando paro e observo minha experiência pessoal. E dói fazer tais perguntas. E, talvez, é bem possível que eu também esteja olhando para o lado errado.
Não acredito que nascemos apenas para dividirmos oxigênio, para fazermos uso dos recursos e destruirmos tudo com o rolo compressor. Mas creio que exista, sim, um propósito, um papel a ser cumprido no grande esquema das coisas; se não por nós e para nós, seria para a harmonia de tudo o que existe fora de nós, mas também nos envolvendo.
Quando nos puseram no mundo, não houve um motivo muito claro. Para ninguém.
Mas há um motivo, sim. Existe um propósito que se revela somente na contemplação de tudo. Que se revela a quem o procura, nem que seja aos noventa anos.
Por este propósito desconhecido você tem aguentado até agora.
Desfrute o mistério.