Ensaio (e Nenhuma Ação)

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Certos dias parecem ser o ensaio do potencial que poderiam atingir.

Acordamos com planos em mente; às vezes, acordamos sem planos, mas seguimos com os mesmos de ontem.

O dia segue naturalmente, as horas se passam sem pausa, mas não sentimos fluidez nas ações e medidas que tomamos, assim como em suas consequências.

1. A Eterna Mesmice

O dia termina e outro inteiramente novo começa. Mas tudo parece exatamente igual: um ciclo sem fim e repetitivo, um círculo vicioso. Noite, manhã, tarde, noite outra vez.

É algo semelhante a lavar louça: esta sempre volta para a pia. Não, não existe recompensa definitiva, apenas momentânea. Uma repetição que nunca termina.

Até desejamos sair da mesmice, fazer algo diferente, ou fazer as mesmas coisas de outra maneira, tocar novos ritmos.

Este é o nosso território, o limite conhecido que não extrapola o que ainda poderia ser. A superfície de nossas aspirações. É compreensível.

Mas estamos incomodados com uma vida que não parece dizer muito mais, que não nos conta uma nova história, mas recicla o que já foi reciclado milhares de vezes, e já não parece ter a mesma força de antes.

Não é de se surpreender quando alguém do nada resolve se aventurar a fim de fugir do que chamamos de “realidade”, tomando atitudes inesperadas de qualquer natureza.

É assim tão difícil de conceber a ideia de um conhecido seu resolver do nada viajar pelo mundo? Ou mudar de curso, de percurso? Talvez de emprego ou até mesmo de profissão? Como se mudasse da água para o vinho, da noite para o dia… Uma anomalia, você diria?

A eterna mesmice vicia nossas expectativas, não somente a respeito do dia, mas a respeito de tudo.

Mas, em algum momento, nós mesmos sentimos essa vontade de ter essa mesma coragem. E até tentamos fazer algo diferente, mesmo que esse algo diferente não fuja muito desta caixinha que construímos sob medida para cada um de nós.

Mas tudo isso termina em meras intenções, e ali fica.

2. Ensaiamos, Ensaiamos, Ensaiamos e…

E nada.

Somos como personagens cumprindo papéis, ou somos apenas atores em cima de um palco, entrando e saindo de cena apenas na “hora certa”.

E apenas cumprimos e repetimos o que é pedido no roteiro. Somos atores limitados, desprovidos da capacidade e do talento de improvisar um pouco a cada apresentação. Somos como somos.

Ensaiamos a repetição da mesma rotina viciosa, e, ainda assim, nem sempre apresentamos um bom resultado final.

Na vida, a gente até tenta improvisar e fazer mudança de planos; acontece quase o tempo todo para alguns, e uma vez ou outra na vida para outros.

Pensamos nas reformas que queremos fazer, nas coisas que devemos pôr em dia para dar espaço para coisas novas, novas perspectivas. Mas quando pensamos nos esforços que devemos aplicar para torná-las uma realidade, essas coisas parecem se tornar ainda mais distantes.

Nós ainda as queremos, mas as intenções não se transformam em ações, e terminam como um ensaio do que de verdade poderiam ser.

Ensaiamos, ensaiamos, ensaiamos e nunca entramos em cena.

A distância entre a intenção e a ação nem sempre é o abismo sem fim que aparenta ser.

Pode ser necessário ter de construir uma ponte com cada uma das pequenas ações diárias, é verdade; mas o ponto principal é este: algo precisa ser feito para que a gente não dê meia volta toda vez, sempre voltando à mesmice da qual reclamamos diariamente.

3. Conselhos Finais

Tome o tempo que for necessário.

Um pouco de planejamento pode ser benéfico.

Nem sempre a impulsividade é a resposta para a mudança que quer ter em sua vida. Você pode parar e ponderar um pouco antes de tomar uma atitude nova.

Achou contraditório?

Na verdade, a proposta deste artigo diz mais respeito ao equilíbrio. Você não precisa correr para os braços abertos do imprevisível ou do duvidoso para que algo aconteça, mas faz bem não ensaiar tanto antes de dar seu próximo passo.

Você tem medo de tropeçar e cair; então caminha sem naturalidade.

E não começa um projeto novo com medo de fracassar, mesmo que já consiga ver o resultado final em sua mente. Tem medo de que não termine igual. Mas… E se o resultado for ainda melhor, mas você ainda nem sabe disso?

A nossa existência já aparenta ser o ensaio para algo maior que nunca chega.

Mas o que há entre o começo e o fim desta vida pode se tornar ainda mais interessante, desde que você saiba como tornar o caminho mais surpreendente sem se perder.

Melhor: perdendo-se um pouco aqui e ali, mas sabendo como voltar à rota conhecida. Afinal, nem sempre conseguimos fugir de quem somos e do que nos é familiar, e isto não é necessariamente ruim. Nem sempre.

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