Mentes Abertas e Mentes Fechadas

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Conectados por gravuras nas paredes, por sinais de fumaça, cartas muito demoradas, por telefonemas à distância e logo ao lado, por nomes e recados gritados entre janelas que se encaram, por sinais invisíveis que viajam pelos ares, e-mails, redes sociais, por milhares de novas informações diárias implantadas na mente e na carne, linguagens novas que quase todos falamos ao mesmo tempo, por novos códigos em comum num mundo globalizado, e ainda assim repetimos nossos velhos costumes inumanos uns contra os outros.

Nós, indivíduos modernos, ainda nos encontramos enclausurados em mentes fechadas, cobertas de poeira de velhas ideias. Nossas mentes mofadas.

Entra dia, sai dia, sempre acordamos e dormimos irritados com aquele nosso vizinho que consideramos estranho já desde o início, logo após a primeira troca de olhares atravessados.

(Por favor, não espalhe que eu falei isto, mas ele é um sujeito de hábitos incomuns para o nosso gosto igualmente peculiar aos gostos alheios, e ele provavelmente deve cometer o mesmo atrevimento de pensar algo parecido sobre nossos “estranhos” hábitos diários.)

Nem nos conhecemos e não queremos ter o trabalho.

Pensamos saber o necessário.

E a coisa ainda piora quando nossa boca se abre para expelir os dejetos acumulados nos cantos mais obscuros da mente, principalmente quando queremos debater sobre casos que, queremos acreditar, estão distantes de nossa realidade, que nada têm que ver com a gente.

Gostamos de falar sobre o que não entendemos. Pensamos ter propriedade para tanto. De boca fechada não ficamos!

E mais: ainda acreditamos em nossa mentirinha especial – de que temos a mente bem aberta, (bom, o suficiente…) e que somos inteiramente livres de preconceitos, e de conceitos malformados, deformados, decompostos… Enfim, conceitos abolidos há eras.

A mente humana, apesar de limitada, ainda tem muito que expandir

Para o bem e para o mal, nossas mentes ainda podem acumular muitas ideias novas enquanto as limpamos e libertamos aquelas ideias velhas que, como moscas tontas, tentaram ou ainda tentam se soltar das teias que as prendem, velhas ideias zumbindo e debatendo-se dentro da mente, querendo e tentando sair do escuro.

Libertamos essas ideias para serem pronunciadas ou finalmente eliminadas com o resto de nossa sujeira interna.

Não só de preconceitos contra outras pessoas que são feitas nossas mentes fechadas, mas também de qualquer outra ideia que barra o nosso pensamento e nos fecha para o progresso, não somente do mundo de fora, como também do nosso próprio mundinho interior.

Com nossas mentes fechadas, não apenas nos fechamos ainda mais para a progressão de ideias e para o surgimento de novos conceitos que trabalhem a favor de nossa vida e a vida de quem nos cerca, como também nos permitimos menos. Nós nos fechamos para os caminhos que se abrem e as possibilidades que se revelam diante de nossos olhos.

Com uma mente mais aberta, o homem adquire uma habilidade maior em explorar suas capacidades naturais e as adquiridas ao longo dos anos, conforme soma e acumula experiência de vida. Por outro lado, com uma mente fechada, o mesmo homem pode atrofiar a si mesmo nos mais diferentes aspectos. Talvez em sua totalidade.

Pode até perder a conexão com ele mesmo, e não apenas com o mundo e suas possibilidades supostamente maravilhosas.

Não é da noite para o dia, como numa transformação milagrosa da água para o vinho, que nossas mentes se expandem.

Quando menos percebemos, agimos como se nossa mente tivesse uma chave que alternasse o estado dela entre ligeiramente aberta e extremamente fechada – e de uma maneira um tanto seletiva às vezes.

A expansão de nossa mente requer boa vontade de nossa parte, além de consistir num exercício diário, um hábito adquirido aos poucos.

Lembrando que perfeição em seres humanos é algo inexistente até o presente momento. Podemos morrer tentando adquirir o máximo possível de iluminação, visando atingir um nível de amadurecimento dos mais altos, o que talvez não seja possível. Lembre-se: nossa mente é limitada e ainda desconhece o total de sua capacidade.

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