Ouça! Melhor: escute o que diz a voz da sabedoria; porém não se faça de surdo ante as eventuais sandices proferidas por aquela boca segura de suas próprias palavras!
Com o tempo, a experiência credenciou aquele homem que sempre soube como viver com sabedoria e que de sua boca tem saído palavras sábias, refletidas, pensadas.
Pois o homem sábio aprendeu como segurar sua língua ferina, tendo substituído a agressividade verbal pela propriedade no falar, no agir e no escutar.
Quanto aos tolos, eles somente beberam do próprio veneno amargo e se embriagaram e se intoxicaram com a própria tolice e nunca mais aprenderam (e talvez não quisessem mesmo aprender) com seus muitos erros consecutivos; sua tolice foi atestada até o dia em que a questionou; isto é, se tal feito foi de fato realizado.
Conteúdo do artigo:
Sabedoria No Falar (Conselho Número Um)
Se me permite um conselho de amigo, escute o que direi agora: escute mais e fale menos; eis um bom motivo implícito pelo qual tem dois ouvidos e uma boca. Um dos motivos.
Mas se não consegue resistir, no mínimo considere pensar um pouco antes de abrir a boca e arrepender-se dos efeitos negativos do que disser.
Aqui habita a sabedoria do homem que soube amadurecer e que também aprendeu como pensar duas vezes antes de vomitar palavras: ele não reprime sua língua, mas também não cospe o veneno em rostos e ouvidos alheios; antes, o sábio doma a própria língua e assim evita que os ouvidos maldosos também ouçam suas palavras e que os lábios venenosos soprem e espalhem mensagens infames aos quatro ventos.
Mas o tolo não pensa em efeitos, nem doma a própria língua, nem suas palavras, e insiste em não aprender com as vozes sábias; mas enche o papo e estufa o peito e ainda diz: Não preciso de conselhos, e o que sei é mais que o suficiente!
Tolo! Tu és o maioral entre os tolos!
Se o veneno e a fúria gratuita são os únicos componentes de suas palavras, seria tanto melhor que vivesse sem língua!
(É só força de expressão! Ha, ha, ha…)
Considere controlar-se e avalie o momento certo de falar com alegria ou com seriedade, de falar com ternura ou um pouco mais energicamente.
Se possível, substitua palavras (gratuitamente) agressivas por outras que expressem a mesma mensagem sem exaltações; pois o mesmo pode ser dito de diferentes maneiras.
E se não resiste a um bom veneno, substitua a agressividade pela arte sutil do sarcasmo quando o sarcasmo for oportuno, e evite desgastar-se em vãs discussões; não espere, contudo, que todos entendam.
O Silêncio Também Fala
Tanto melhor se optasse pelo silêncio quando este não fosse prejudicial à situação e aos envolvidos e também aos não diretamente envolvidos.
O silêncio também expressa o necessário, e muitas vezes silencia o próprio tolo insistente; entretanto, não permaneça calado caso ele queira argumentar trocando palavras vomitadas por tacar pedras, um gesto típico dos loucos; mesmo o silêncio tem limites, ainda que seja um bom advogado em defesa de sua causa.
Sabedoria No Escutar (Conselho Número Dois)
E mais: os ouvidos do sábio são muito aguçados, assim como são muito aguçados os olhos de quem lê uma mensagem com a devida atenção; porém a sabedoria não está em simplesmente ver ou ouvir, mas no uso de tais habilidades.
Ver não é o mesmo que enxergar, e o mesmo se diz sobre ouvir e escutar.
Saber escutar nutre a sensibilidade e torna a sabedoria uma lei vigente em seus dias.
E se quiser que o escutem, seja o primeiro a escutá-los; o tolo nem escuta nem mesmo ouve, mas procede de acordo com o seu egocentrismo.
Mas não caia em enganação ou em desgaste desnecessário ao escutar a conversa de tolos!
Ouça, analise e reflita sobre tudo o que foi dito; e caso seja necessário, então abra a boca e fale apresentando seus melhores argumentos, sem exaltação ou insegurança; pois o tolo exaltado costuma amolecer quando não tem sua exaltação alimentada por outros.
(Costuma, sim. Mas, por favor, que ele não me venha com paus e pedras!)
Muitos conflitos desnecessários teriam sido evitados se as pessoas soubessem como escutar mais e falar menos, despindo-se do “eu” egocêntrico.
Conclusão e Um Último Conselho
Que estas palavras sejam consideradas válidas e verdadeiramente instrutivas, e que sejam lidas e interpretadas sem precipitações; o sábio reflete a respeito do que ouve – no caso, do que lê – e tenta captar a intenção do outro antes de se deixar levar por conclusões superficiais baseadas no emocional.
Não atribuo a mim e nem a mim devem atribuir o título de voz da sabedoria nem da razão; porém sou interessado em aprender e em ensinar muito do que tenho aprendido.
Se me permite um último conselho de amigo, escute o que tenho a dizer: se souber como combinar bem o falar e o escutar, certamente o seu bom procedimento será considerado ao restabelecer o diálogo em meio a um mundo cacofônico, repleto de som e fúria sem intenção alguma.
E isto é o que mais tem faltado nos últimos dias: o bom diálogo.