Espinhos – Provações diárias da nossa vida

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Diga-me: existe beleza de verdade neste mundo sem que ela esteja rodeada de espinhos? Se olharmos bem de perto, nada neste mundo parece livre da natureza hostil das pequenas imperfeições.

texto reflexivo sobre a vidaO belo na superfície das coisas esconde o mundo secreto de tudo o que compõe o todo. Destaca-se como se fosse especial e único, escondendo outros elementos igualmente importantes como se fossem acessórios, meros figurantes.

Na natureza, no homem, em tudo o que há debaixo do sol, neste mundo que acredita ser o centro do universo — quando não é nem o centro do sistema solar… Em todas estas coisas, a parte mais agradável costuma ser posta em evidência. Esconde o que não pode ser completamente ignorado.

Mas, nem sempre o que torna o homem mais humano ou a natureza mais variada consegue ficar longe da vista.

Nem sempre o que estava escondido era o lado mais desagradável das coisas, apenas o mais verdadeiro, talvez. Ou apenas mais uma das muitas verdades possíveis.

Os espinhos existem

E Se os Espinhos Existem…

Então fazem parte do grande esquema das coisas.

Cutucam, incomodam e ferem. Você pode fingir o quanto quiser, mas o espinho continua ali, um incômodo vivo, existente.

É difícil tentar compreender a razão de sua existência. É realmente difícil.

Olhe para a rosa: encanta ao mesmo tempo em que espeta os dedos que a tocam; seduz e depois repele por não ser inteiramente perfeita ou por ter algo considerado imperfeição. Mas, pense bem: talvez não tenha sido feita para ser tocada e despedaçada, apenas contemplada.

Outro exemplo: os dias nem sempre são os melhores para o homem reservado e correto, assim como nem sempre os justos dormem seu sono em paz. Sonham de olhos abertos com um mundo ideal, mas tropeçam na linha tênue entre a justiça e a vingança.

Ignorar tais imperfeições seria algo semelhante a varrer a sujeira para debaixo do tapete.

Com a diferença de que, às vezes, a “sujeira” vem de dentro, e apenas tentamos mantê-la escondida, no lugar de onde veio.

Não aprendemos a lidar com as ditas imperfeições. Nem as enxergamos como parte vital da essência de cada ser.

Provações

Também não sabemos como lidar com o sofrimento. Não encontramos justiça no sofrimento dos justos, e isso nos revolta profundamente. Nada faz o menor sentido. “O que foi que eu fiz?”

Sob a pele das vaidades encontra-se o espinho cravado na carne do homem. Este, acreditando ter nas mãos o poder de ganhar o mundo, é constantemente ferido e lembrado de sua finitude, além da efemeridade de todas as coisas.

Se existe algum culpado nisto, quem pode dizer quem é? Se existe justiça neste mundo, como pode o injusto prosperar enquanto tentamos, a duras penas, fazer o correto, e apenas recebemos todo o sofrimento que há debaixo do sol?

Vivemos incomodados, como se algo estivesse muito errado o tempo todo, todos os dias, sem folga. Este é o espinho em nossa carne, a grande provação, a batalha de nossas vidas diárias, com mil e uma desventuras em série até o fim de nossos dias.

Espinhos e Atitudes

Se cada um de nós tem aquilo que nos cabe, não podemos, então, afirmar que tudo de ruim acontece só com a gente. Lá fora e também ao nosso lado há todo um mundo de batalhas individuais que desconhecemos.

Mesmo a vida mais perfeita esconde uma realidade espinhosa ou incompreendida por quem olha do lado de fora.

A grande questão é saber como lidar com os espinhos: talvez tentando descobrir o significado de cada um deles e como removê-los ou invalidá-los como obstáculos; talvez tentando seguir em frente sem maiores perguntas — digo, não ignorando o espinho, mas o enxergando como um fator motivacional, um meio para dizer a si mesmo que, apesar de tudo, você é ainda mais forte que ele.

Os espinhos existem.

Mas as flores existem, também.

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