Ganância ou Razão

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Pode ser clichê o que irei dizer a seguir, mas a ganância costuma despertar o lado mais sombrio das pessoas.

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Não quero insinuar com isso que você esteja errado em querer correr atrás de seus sonhos e objetivos, ou por desejar algum conforto material para você e sua família, ou pelos bens que possui e por aqueles que ainda deseja adquirir de maneira justa. Você não se torna automaticamente o pior dos seres por almejar alguma coisa. Significa apenas que você está vivo, e que é feito de carne e desejo, como qualquer outro.

O problema se encontra especialmente no vício da ganância, mais comum que outros tantos vícios mais aparentes. A ganância desenfreada distorce a percepção que temos da realidade e das pessoas que nos cercam de maneiras muito mais expressivas, causando uma inversão de valores e a possível destruição de todas as coisas boas e simples pelas quais não somos gratos.

Sem saber, você pode ser mais um viciado. Cuidado!

Herança

Vivemos num mundo extremamente competitivo.

Considere o tanto de pessoas que caminham sobre a Terra, e pense nestas pessoas, incluindo você. Tente imaginar como é intenso o desejo de terem seu próprio espaço neste mundo. Então, sem perceberem, as pessoas transformam um desejo natural em vício, em obsessão, num jogo em que “o mais forte” vence.

Herdamos de nossos pais esta sede de poder, e eles herdaram de seus pais, que herdaram de quem ficou lá atrás, perdido no tempo; talvez não com o mesmo peso, mas certamente com um mínimo de relevância que tenhamos dado ao poder que almejamos todos os dias.

Tentamos exaustivamente preservar ou criar um nome, um status. Um império ou um legado. Damos uma exacerbada importância ao tipo de marca que um dia deixaremos no mundo, por meio de uma mensagem ou de uma importância material.

Não, não tenho a intenção de ser hipócrita. Não direi que não importo com essas coisas; afinal, eu publico meus pensamentos porque desejo que as pessoas me

conheçam por eles. Talvez eu não me importe mesmo com o dinheiro, ou não com o mesmo peso que as pessoas que correm por causa dele, mas certamente quero deixar a minha mensagem para a posteridade.

Ganância ou Razão?

Por favor, entenda. Repito que o problema não se encontra na busca pelos objetivos, mas na obsessão pelo ter em detrimento do ser. Como falei no início, isto é um clichê, mas as pessoas parecem ignorá-lo.

Continuam correndo contra o tempo. Correm e acumulam bens e poderes. E perdem um bom tempo de suas vidas com uma busca que nunca termina. Perdem o sono com o medo de perderem tudo. Fecham a mão. Alguns até se escondem do mundo, de seus pais e amigos. Com seu dinheiro é comprado o melhor caixão. Pelo menos não veem o dinheiro acumulado sendo disputado a tapas e entre vínculos desfeitos e até pelo derramamento do sangue de seus filhos.

Parece trama de telenovela, eu sei; mas, neste caso, a arte sempre imitou a vida. O clichê nesta mensagem nunca pareceu cumprir muito bem o objetivo de nos alertar dos males da ganância. Simplesmente perdemos a razão quando somos dominados por este vício.

Gratidão Perdida

O dinheiro e o poder, que poderiam servir a uma causa muito maior que o nosso sonho egoísta de status, aqui ficam e se deterioram com o tempo. Transformam-se em um monstro indomável, em algo que foge do controle de nossas mãos. É claro que isto não é uma regra, mas uma possibilidade não tão remota.

Fomos criados com o pensamento de que o mundo nos deve alguma coisa. Temos apenas uma vida para cobrar do mundo, através de todos os nossos esforços, legais ou ilegais, tudo o que pensamos merecer. Além de gananciosos, somos vaidosos.

Não mais agradecemos pelas pequenas conquistas diárias.

E queremos, além do que o mundo já supostamente nos deve, até o que claramente não merecemos.

Eu não sei você, mas vivo um dia de cada vez.

Não, não, não. Não tenho a pretensão de servir de parâmetro para alguma coisa, pois cada um sabe o que é melhor para si; mas posso dizer por experiência própria que tenho vivido muito bem ao depositar em cada dia a sua devida importância, sem tropeçar numa correria desenfreada atrás de minhas conquistas.

Até os dias menos expressivos proporcionam algum ganho, mesmo entre algumas derrotas. Sou grato por isto.

E, acredite, é assim que eu ainda preservo o que resta da minha sanidade mental.

Tem funcionado.

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