Pontos de Interrogação

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Seu melhor amigo olha para você, mede suas atitudes e reflete sobre as mudanças significativas que você parece ter sofrido ao longo dos últimos anos de amizade. Você parece não notar um mínimo de mudança em si mesmo e no outro, como se tudo parecesse exatamente igual ao que era no começo, mas nota. Notou que seu melhor amigo ficou pensativo e mudo do nada. Vocês se olham e ambos se perguntam o mesmo: o que está acontecendo?

Interrogações Ambulantes

Você pode até não saber, mas seu vizinho, que aos seus olhos sempre pareceu tão seguro de si, ele também tem suas próprias dúvidas a respeito de sua própria capacidade.

O desconhecido sentado ao seu lado no ônibus não sabe se terá dinheiro o suficiente para pagar as contas e ainda prover o alimento dos filhos.

Seus velhos. É bem provável que seus pais tenham perguntado um ao outro se ele ou ela tinha mesmo certeza se era isso que queria. E no caso de teu nascimento ter sido uma obra puramente acidental, eles provavelmente devem ter perguntado um ao outro se deveriam mesmo ter bebido tanto.

Estou brincando. Mas esses exemplos podem servir como pontos de partida para a reflexão do dia.

Todos nós somos grandes pontos de interrogação sobre pernas

Dúvidas, Dúvidas… E Mais Dúvidas

“De onde vim? Para onde vou? Quem sou eu?” São estas as nossas maiores dúvidas, mas certamente não são as únicas.

Nossas mentes, grandes caixas em que guardamos e acumulamos ideias e pensamentos, também (e principalmente) guardam nossas dúvidas e interrogações de todos os dias.

Você, seus pais e familiares, amigos, vizinhos e demais desconhecidos, você e eles possuem mais dúvidas que certezas.

Você tem dúvida sobre qual é a melhor escolha a seguir. São tantas opções e alternativas, entre escolhas mais simples, como a escolha de sabores de sorvete, e escolhas mais delicadas, como os cursos que fará e a vida que deseja ter – se livre ou não de amarras sociais; para tudo há um preço a pagar.

E não pense você que isso termina por aqui. Não, senhor.

Pois é infinita a nossa capacidade de acumular dúvidas atrás de dúvidas, das mais simples até as mais complexas ou mesmo abstratas. Nossa mente é uma grande caixa sem fundo, apesar de suas limitações, e apesar de eu ter soado contraditório ao dizer isto. Você e eu somos poços de dúvida.

São tantas as perguntas que elas mal cabem em um texto.

O Que (De Verdade) Nos Move

Não são as respostas, mas as perguntas.

Quem tudo sabe, nada sabe, ao mesmo tempo em que julga não ter como aprender mais, além de não sobrar espaço para novas respostas e perguntas nascidas destas respostas e as respostas e perguntas que viriam após estas – e assim por diante, num imenso círculo vicioso, seguindo até o fim dos tempos.

Considere-se como peso morto aquele que não busca nem questiona mais, pois se considera completo em conhecimento, pleno em si mesmo; pois se nada mais nos resta de novo, o quê, afinal, nos move para frente além do pouco tempo que nos resta?

Não são as respostas obtidas até agora, nem as respostas que teremos em instantes ou horas, mas as perguntas que faremos hoje, amanhã e depois que nos movem em direções variadas, e não somente para frente; às vezes, as perguntas nos movem para trás, por exemplo, quando reavaliamos tudo o que julgávamos ter sido concluído e superado.

As respostas ditas definitivas, se é que realmente existem, concluem e enclausuram o pensamento, enquanto as perguntas o ampliam para novas possibilidades e diariamente renovam o nosso exercício de humanidade. Porque a dúvida é o que de mais humano podemos produzir.

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1 COMENTÁRIO

  1. Gostei do texto, bem objetivo e profundo. Realmente, são muitas perguntas que nos pertubam a noite e o pior, não existem respostas definitivas, e quando encerramos estas questões logo aparecem outras maiores.
    A Vida é assim, mas eu aprendi a deixar rolar na medida do possivel e a confiar que amanhã será um novo dia.
    Abração meu caro escritor

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