Até Que a Morte Não Separe

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1943

jardim5

Relatos de Um Homem Apaixonado e Seu Primeiro Encontro

Um senhor, por volta de 85 anos, (ou mais) sentou ao meu lado enquanto esperava o ônibus. Ele começou a puxar assunto, sempre gostei de conversar com pessoas mais velhas. Eles sempre comparam o seu tempo com o nosso, dizendo que hoje as coisas são fáceis, e as crianças mimadas, e que algumas coisas mão mudaram tanto. Hoje em dia, ao invés de bilhetinhos, mandam SMS. Dizia que nada superaria a emoção de uma carta escrita com seus próprios sentimentos. Não uma cópia de qualquer outro lugar.

Contou-me sobre seu primeiro encontro, o nervosismo começou a tomar conta dele, pois, tinha chamado para ir ao cinema a garota que amava. Chegando lá, estava muito nervoso, mal conseguia parar de gaguejar. Como de costume na época, tentou cantar a moça e tentar impressioná-la. Quase como num clássico de cinema, pegando em suas mãos, e com um leve bocejo, abraçando-a.

Tudo parecia maravilhoso, eles estavam se dando bem, mas a sua dor de barriga causada pelo nervosismo, começou a aumentar, ainda mais pelo chocolate que havia comido. Tentou segurar, mas não tinha como evitar. Teve que se despedir da moça as pressas, que não estava entendendo o porquê ele iria embora. Então, saiu correndo daquela sala.

Ao chegar à rua, um cachorro o viu correndo e foi atrás, perseguindo o pobre homem, tentando morde-lo. Chegou a sua casa desesperado. Não só pela dor de barriga, mas por achar que a garota não iria mais o querer. A frustração batia, mal conseguiu dormir aquela noite, pensando em quais desculpas dar para a pobre moça.

No dia seguinte, ele foi até sua casa, depois de muito pensar. E lá estava ela, sorrindo para ele, como se nada tivesse acontecido. Antes de tentar se explicar, ela o calou, dizendo: “Eu sei o porquê, não precisa se explicar, isso é natural, bobo”.  Dando o sorriso mais lindo que ele já viu.

– Parece até uma maneira boba de dizer, mas depois daquilo, eu percebi que ela era a mulher da minha vida e eu, naquele momento, era o um homem apaixonado, mais ainda. -Disse o senhor com os olhos arregalados, como se tivesse tudo vivo ainda em sua memória – Não estou dizendo que foi tudo um conto de fadas, só que, eu achei a pessoa certa para mim.

Não gostávamos das mesmas coisas, mas nos completávamos isso era suficiente. As pessoas hoje em dia procuram alguém que seja idêntica a ela, e não devem pensar assim, nem igual a nós e nem diferente, apenas alguém com defeitos que possamos suportar. – Ele realmente sabia o que falava – O amor se perdeu nas telas dos computadores, num texto de SMS, e nas músicas Anti-românticas – Continuou o senhor-. O mundo não era mais como antigamente,  o romantismo acabou, e ser romântico hoje em dia é ser idiota, é ser cafona.

– Sinto falta de muita coisa da “minha época”, só que nada me faz mais falta que minha Rose, ela sim me faz falta, sempre será a rosa mais linda de meu jardim – Parou por um segundo – Há nove anos ela se foi, e sinto sua perda como se fosse hoje, sinto todas as noites. Nada dói tanto quanto sua partida…

Se tivesse uma escolha, eu teria ido primeiro, é muito egoísta da minha parte, mas eu não aguento tanto sofrimento, acho que ela se sairia melhor do que eu – Dizia ele com um sorriso de canto com os olhos cheios de lágrimas – Os dias não são os mesmos, muito menos as noites, o vazio é enorme, tenho tanta coisa para contar – suspirou novamente-. Tenho meus filhos e netos, eu os amos muito, só que, não é a mesma coisa sem minha velhinha, minha vida se foi junto com a dela.

Espero partir logo, e poder encontrar com minha amada Rose, espero também, que ela não tenha se esquecido dos nossos próprios votos: “Até que a morte não separe”, pois, meu amor ainda continua vivo e nunca morrerá.

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